quarta-feira, 7 de novembro de 2007

Os cem maiores discos brasileiros (revista Rolling Stones Brasil)

Vira e mexe a mídia, seja impressa ou eletrônica, elege as melhores "quaisquer coisas" de todos os tempos. Dessa vez foi a Rolling Stone Brasil, que convocou estudiosos, produtores e jornalistas para eleger os melhores discos brasileiros. A lista saiu na edição nº 13, de outubro. Aqui estão os 100 maiores discos brasileiros de todos os tempos segundo a Rolling Stone Brasil:

01. Acabou Chorare (Novos Baianos, 1972)
02. Tropicália ou Panis et Circencis (Vários, 1968)
03. Construção (Chico Buarque, 1971)
04. Chega de Saudade (João Gilberto, 1959)
05. Secos e Molhados (Secos e Molhados, 1973)
06. A Tábua de Esmeralda (Jorge Ben, 1972)
07. Clube da Esquina (Milton Nascimento & Lô Borges, 1972)
08. Cartola (Cartola, 1976)
09. Os Mutantes (Os Mutantes, 1968)
10. Transa (Caetano Veloso, 1972)
11. Elis & Tom (Elis Regina e Antônio Carlos Jobim, 1974)
12. Krig-Ha Bandolo (Raul Seixas, 1973)
13. Da Lama ao Caos (Chico Science & Nação Zumbi, 1994)
14. Sobrevivendo no Inferno (Racionais MC’s, 1998)
15. Samba Esquema Novo (Jorge Ben, 1963)
16. Fruto Proibido (Rita Lee, 1975)
17. Racional Volume 1 (Tim Maia, 1975)
18. Afrociberdelia (Chico Science & Nação Zumbi, 1996)
19. Cabeça Dinossauro (Titãs, 1986)
20. Fa-Tal - Gal a Todo Vapor (Gal Costa, 1971)
21. Dois (Legião Urbana, 1986)
22. A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado (Os Mutantes, 1970)
23. Coisas (Moacir Santos, 1965)
24. Roberto Carlos em Ritmo de Aventura (Roberto Carlos, 1967)
25. Tim Maia (Tim Maia, 1970)
26. Expresso 2222 (Gilberto Gil, 1972)
27. Nós vamos Invadir Sua Praia (Ultraje a Rigor, 1985)
28. Roberto Carlos (Roberto Carlos, 1971)
29. Os Afro-Sambas (Baden Powell, Quarteto em Cy e Vinícius de Moraes, 1966)
30. A Dança da Solidão (Paulinho da Viola, 1972)
31. Carlos, Erasmo (Erasmo Carlos, 1970)
32. Pérola Negra (Luis Melodia, 1973)
33. Caymmi e Seu Violão (Dorival Caymmi, 1959)
34. Loki? (Arnaldo Baptista, 1974)
35. Estudando o Samba (Tom Zé, 1976)
36. Falso Brilhante (Elis Regina, 1976)
37. Caetano Veloso (Caetano Veloso, 1968)
38. Maria Fumaça (Banda Black Rio, 1977)
39. Selvagem? (Os Paralamas do Sucesso, 1986)
40. Legião Urbana (Legião Urbana, 1985)
41. Meus Caros Amigos (Chico Buarque, 1976)
42. O Bloco do Eu Sozinho (Los Hermanos, 2001)
43. Refazenda (Gilberto Gil, 1975)
44. Mutantes (Os Mutantes, 1969)
45. Raimundos (Raimundos, 1994)
46. Chaos A.D. (Sepultura, 1993)
47. João Gilberto (João Gilberto, 1973)
48. As Aventuras da Blitz (Blitz, 1982)
49. Racional Volume 2 (Tim Maia, 1976)
50. Revolver (Walter Franco, 1975)
51. Clara Crocodilo (Arrigo Barnabé, 1980)
52. Cartola (Cartola, 1974)
53. O Novo Aeon (Raul Seixas, 1975)
54. Refavela (Gilberto Gil, 1977)
55. Nervos de Aço (Paulinho da Viola, 1973)
56. Amoroso (João Gilberto, 1977)
57. Roots (Sepultura, 1996)
58. Antônio Carlos Jobim (Tom Jobim, 1963)
59. Canção do Amor Demais (Elizeth Cardoso, 1958)
60. Gil e Jorge Ogum Xangô + D2 (Gilberto Gil e Jorge Ben, 1975)
61. Força Bruta (Jorge Ben, 1970)
62. MM (Marisa Monte, 1989)
63. Milagre dos Peixes + D2 (Milton Nascimento, 1973)
64. Show Opinião (Nara Leão, Zé Kéti e João do Vale, 1965)
65. Nelson Cavaquinho (Nelson Cavaquinho, 1973)
66. Cinema Transcendental (Caetano Veloso, 1979)
67. África Brasil (Jorge Ben, 1976)
68. Ventura (Los Hermanos, 2003)
69. Samba Esquema Noise (Mundo Livre S/A, 1994)
70. Getz/Gilberto Featuring Antônio Carlos Jobim (Stan Getz, João Gilberto e Antônio Carlos Jobim, 1963)
71. Noel Rosa e Aracy de Almeida (Aracy de Almeida, 1950)
72. Jardim Elétrico (Os Mutantes, 1971)
73. Angela Ro Ro (Angela Ro Ro, 1979)
74. Õ Blésq Blom (Titãs, 1989)
75. Tim Maia (Tim Maia, 1971)
76. A Bad Donato (João Donato, 1970)
77. Canções Praieiras (Dorival Caymmi, 1954)
78. Gilberto Gil (Gilberto Gil, 1968)
79. Álibi (Maria Bethânia, 1978)
80. Gal Costa (Gal Costa, 1969)
81. Psicoacústica (Ira!, 1988)
82. O Inimitável (Roberto Carlos, 1968)
83. Matita Perê (Tom Jobim, 1973)
84. Qualquer Coisa/Jóia (Caetano Veloso, 1975)
85. Jovem Guarda (Roberto Carlos, 1965)
86. Beleléu, Leléu, Eu (Itamar Assumpção e Banda Isca de Polícia, 1980)
87. Verde Anil Amarelo Cor de Rosa e Carvão (Marisa Monte, 1994)
88. Nada Como Um Dia Após O Outro Dia + D2 (Racionais MC’s, 2002)
89. Carnaval na Obra (Mundo Livre S/A, 1998)
90. Quem é Quem (João Donato, 1973)
91. Cantar (Gal Costa, 1974)
92. Wave (Tom Jobim, 1967)
93. Lado B, Lado A (O Rappa, 1999)
94. Vivendo e Não Aprendendo (Ira!, 1986)
95. Doces Bárbaros + D2 (Gil, Bethânia, Caetano e Gal, 1976)
96. A Sétima Efervescência (Júpiter Maçã, 1996)
97. Araçá Azul (Caetano Veloso, 1972)
98. Elis (Elis Regina, 1972)
99. Revolução por Minuto (RPM, 1985)
100. Circense (Egberto Gismonti, 1980)

(Fonte: blog Som Barato)

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Palavras de Raulzito.

A arte de ser louco é jamais cometer a loucura de ser um sujeito normal

Raul Seixas

O Que é Anarquismo?

Anarquismo (literalmente "sem poder")

Movimento político que defende uma organização social baseada em consensos e na cooperação de indivíduos livres e autónomos, mas onde à partida sejam abolidas entre eles todas as formas de poder. A Anarquia seria assim uma sociedade sem poder, dado que os indivíduos de uma dada sociedade, se auto-organizariam de tal forma que garantiriam que todos teriam em todas as circunstâncias a mesma capacidade de decisão. Esta sociedade, objecto de inúmeras configurações, apresenta-se como uma "Utopia" (algo sem tempo ou espaço determinado). É um ideal a atingir.

As origens do anarquismo, entroncam directamente na concepção individualista dos direitos naturais defendida por John Locke. A sociedade para este filósofo inglês era o resultado de um contrato voluntário acordado entre individuos iguais em direito e em deveres. No entanto foi só a partir do final do século XVIII que o anarquismo se veio a estruturar como uma corrente política autónoma, com seguidores em toda a parte do mundo. Entre os seus teóricos contam-se pensadores tão diversos como William Godwin (1773-1836), P.J.Proudhon (1809-1865), Bakunine (1814-1870), Kropotkin (1842-1921) ou o português Silva Mendes.

A intervenção política dos anarquistas, pouco inclinados à constituição de grandes organizações, embora muito dispersa tem historicamente se centrado a sua luta na defesa de seis ideias:

1. Direitos Fundamentais dos Indivíduos. Os anarquistas, como os liberais foram os primeiros retirar das ideias de John Locke profundas implicações politicas. Em primeiro lugar a ideia da primazia do indivíduo face à sociedade. Em segundo, a ideia de que todo o indivíduo é único e possui um conjunto de direitos naturais que não podem ser posto em causa por nenhum tipo de sociedade que exista ou venha a ser criada.

2. Acção Directa. Recusando por princípio o sistema de representação, os anarquistas afirmam o valor da acção directa do indivíduo na realidade social. Este conceito foi interpretado no final do século XIX/princípios do século XX, por alguns anarquistas, como uma forma de actuação política, cometendo assassinatos de figuras políticas que diziam simbolizarem tudo aquilo que reprovavam ( a célebre propaganda por factos).

3. Crítica dos Preconceitos Ideológicos e Morais. Uma das suas facetas mais conhecidas pela sua crítica irreverente à sociedade. Com a sua crítica demolidora dos preconceitos sociais pretendem destruir todas as condicionantes mentais que possam impedir o indivíduo de ser livre e de se assumir como tal.

4. Educação Libertária. Os anarquistas viram na educação um processo de emancipação dos indivíduos, acreditando que por esta via podiam lançar as bases de um nova sociedade.

5. Auto-organização. Embora recusem qualquer forma de poder, a maioria dos anarquistas não recusa a constituição de organizações. Estas devem contudo ser o resultado de uma acção consciente e voluntária dos seus membros, mantendo entre eles uma total igualdade de forma a impedir a formação de relações de poder (dirigentes/dirigidos, representantes/representados, etc). É por esta razão que tendem desconfiar ou combater, as grandes organizações porque nelas a maioria dos indivíduos tendem a ser afastados dos processos de decisão. Os anarquistas estão desde o século XIX ligados à criação de sociedades mutualistas, cooperativas, associações de trabalhadores (sindicatos e confederações, etc), ateneus, colónias e experiências auto-gestionárias. Em todas estas formas de organização procuram em pequena ou grande escala ensaiar a sociedade que preconizam.

6. Sociedade Global. Um dos seus grandes ideais foi sempre a constituição de uma sociedade planetária que permitisse a livre circulação de pessoas ou o fim das guerras entre países. É neste sentido que alguns anarquistas, como P. Kropotkin, viram no desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação um meio que poderia conduzir ao advento da Anarquia.

A defesa destas ideias tem caracterizado o movimento anarquista internacional, ao longo dos seus duzentos anos de existência.

Carlos Fontes

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

MAIS UM TEXTO MEU - SÓ PRO RIZOMA NÃO FICAR PARADO...

COOPERATIVAS ADULTERARAM 450 MIL LITROS DE LEITE

A Polícia Federal em Uberaba, juntamente com os Ministérios Públicos Federal e Estadual de Minas Gerais em Passos e Uberaba, prendeu hoje 27 pessoas na Operação Ouro Branco. Elas são suspeitas de integrar um grupo que fraudava, segundo a PF, a produção de 450 mil l de leite longa vida por dia com substâncias que tornam o produto impróprio para consumo humano. (...) Segundo o delegado da PF Ricardo Ruiz Silva, 10% do leite, eram composto de água, soro, soda cáustica, peróxido de hidrogênio, ácido cítrico, citrato de sódio, sal e açúçar.
A intenção da Cooperativa dos Produtores de Leite do Vale do Rio Grande (Coopervale) e da Cooperativa Agropecuária do Sudoeste Mineiro (Casmil), segundo a PF, era aumentar a quantidade do produto e aumentar o período de manutenção e acondicionamento sem que ele se deteriorasse.

(Fonte: Site Terra, 25/10/2007)

CHORANDO PELO LEITE CONTAMINADO

Um choro em silêncio, apenas um cavaco e nada mais. Uma voz mais aguda e a agonia: chorando pelo leite contaminado. É quando o operário, depois de mais um diário em labuta, chega em sua casa, pão e a caixa de leite em mãos. Orgulhoso por poder comprar tal sustento do lar, recebido com festas pelos filhos e com carinho pela esposa, após a barba feita e o prazer de sentar em sua poltrona, o sopetão do jornal: o leite, aquela caixa que custou algum por cento de seu salário, está contaminado com soda cáustica e água oxigenada. Que mal fez o trabalhador comum pra tal fim ? Com que justiça conclamará pelo direito de pagar por um bom serviço ? Não terá ele o simples direito de alimentar decentemente seus filhos (já igualmente fora seu suor no trabalho) ?
O episódio recente e tão em voga na mídia duma fábrica de leite que adulterou caixas de longa vida com substância que não deveria estar na sua cadeia alimentar desencadeia toda uma discussão sobre até onde o capitalismo vigora sobre o lógico-humanitário. Será que os donos desta indústria láctea não imaginou que um de seus entes poderia tá ingerido soda cáustica e água oxigenada no lugar dos nutrientes do leite ? Então no capital impera a lei do “pimenta no olhos do outro...” ? Ou então a lei do Gérson, aquela do levar vantagem em tudo ? Porra, só chorando mesmo... Chorar um Ernesto Nazareth, um Zequinha de Abreu, um Pixinguinha na flauta de Altamiro Carrilho... Chorar esta lágrima de ser brasileiro, este protesto mudo, este estardalhaço sem sentido, chorar pela fome, pelo desemprego, pelo sossego de tá em minha casa enquanto muitos têm o céu como teto e o sereno como cobertor... Chorar pelas moedas que dou ao mendigo e o resto do tomate que deixo de comer no almoço e que vai para a cestinha de lixo da cozinha, chorar o político corrupto que elegi e pelo líder estudantil que não prestei atenção, chorar pelo Youtube que tenho, chorar pela exclusão digital, afalbética, moral, de criticar... Chorar por ser filhinho de papai, por hippie que têm papai e mamãe para manter meus vícios, minha bagana, minha Montilla, por ser duro e nem ter dinheiro pro Halls de beijar a menina mais bonita, chorar pelo toque duma canção, da alma, da aula de filosofia que me despertou pro outro e pro outrem, pelo ontem que não valorizei, pelo pôr-do-sol que nunca dei a mínima bola, pelo papel jogado no chão, na rua, pela rua de meus tempos de brincar, pela morte do avô que eu não dava o devido valor, chorar a desgraça alheia, o rebento que nasceu, pelo aleijado que passou no Teleton, pelo casalzinho da novela, pelo Zé do Caroço que lá está, grita e eu não o ouço... Chorar, enfim, a desconfiança do que vou comer ou beber, do duelo entre carnívoros, vegetarianos ou herbívoros, pelos poderosos que se acham mais pau que todos nós e se acha no direito de nos enganar com misturas que parecem feitiço de bruxa...
Choro este choro e produzo esta coisa anti-literária, coisa de causar horror nos academicistas e nos intelectualoídes que criticam texto por MSN (bobocas que não sabem o que é tomar um sorvete na praça ou namorar no portão – destes que só sabem falar mal dos políticos, do mundo, da gente... Ah, vão cagar esta gente toda !!! Quero poder escrever minha joça em paz !!!!!), este anti-texto, coisa podre, pequena, menor, pobre, sem sentido ou estilo, nunca digno de “Carta Capital” ou “Cult” ou qualquer panfleto universitário de fora-alguém, choro meu protesto, meu proclamar, meu desabafo, minha saudade, minha putalidade, minha vontade de gritar, meu silêncio, minha redundância, meus erros de português, minha preguiça...
Todo choro pela bebida degustada, que deixa doidão ou com raiva... E é como diz Raul no seu disco voador: “E quando eu olho/ O mar com petróleo/ Eu rezo a Peixuxa que ele fisgue esta gente...”

(MATEUS DOURADO)

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

O QUE É RÁDIO PIRATA ?

Rádio Pirata é termo que identifica um tipo de atividade específica na radiodifusão sonora. O Termo surgiu no início da década de 60 na Inglaterra para identificar irradiações em FM cuja estação emissora encontrava-se em um navio na costa britânica, porém fora do controle das milhas marítimas.. Essa estação considerada ilegal pelo governo inglês foi montada por jovens que não aceitavam o monopólio estatal e não suportavam as programações das emissoras oficiais controladas pelo governo. A emissora Pirata tinha uma produção musical baseada no movimento de contra cultura que não tinha espaço nas emissoras oficiais e era combatida pela programação conservadora da cultura inglesa. Para combatê-la o governo inglês ampliou seu domínio sobre as milhas marítimas. Quando a rádio Pirata foi apreendida houve uma reação da juventude inglesa que fez surgir centenas de emissoras em território inglês. Portanto o termo Pirata se aplica especificamente as irradiações ilegais que transmitem do mar para a terra. No Brasil o termo foi adaptado sem a preocupação com sua origem e passou, principalmente no Rio de Janeiro, a identificar estações de rádio irregulares. Em São Paulo o termo também foi usado na década de oitenta por algumas emissoras, mas foi logo depois descaracterizado. Nas poucas iniciativas que se tem notícia em meados de 1990, no Rio de Janeiro, a emissora ilegal confundia emissões clandestinas com emissões Piratas já que algumas iniciativas procuravam emitir sem permitir a identificação e tinham uma característica político-partidária.. Em alguns registros fotográficos ou em vídeo os participantes dessas poucas emissoras apresentavam-se fantasiados e mascarados de piratas. O termo pirata passou a ser usado como pejorativo de tudo quanto é ilegal pelos proprietários das grandes emissoras e pela industria de produção cultural para identificar cópias ilegais de seus produtos em música, cinema e vídeo. Para os latinos e Católicos o termo pirata é associado culturalmente ao mal. Isso deveu-se a atuação dos piratas na libertação da Inglaterra da influência do Santo Império que teve seu momento decisivo na batalha de 1488 onde espanhóis e portugueses, sob a ordens de Roma, com 250 embarcações conhecidas como a Esquadra Fantástica , foram derrotados pelos ingleses que não possuíam mais que 80 embarcações e cuja vitória deveu-se às ações dos seus piratas. RÁDIOS CLANDESTINAS As emissoras clandestinas se identificam por emitirem em países onde há Estado de Exceção, onde não existe direitos e garantias individuais ou está sob um regime ditatorial civil ou militar. Nesse sentido as emissoras clandestinas servem a todas as estruturas ideológicas. Na Nicarágua surgiu a Rádio Venceremos onde os sandinistas emitiam suas opiniões e orientações com o objetivo de derrubar o governo de Anastácio Somoza. Ao conquistarem o poder os sandisnistas passaram a ser criticados por outra emissora clandestina organizada por seus inimigos políticos e militares. Rádios clandestinas são usadas em guerras. Na segunda guerra mundial haviam emissoras dos ingleses que emitiam em alemão e dos alemães que emitiam em inglês. Essas emissoras eram clandestinas e tinham objetivo estritamente político, fazendo parte dos instrumentos de guerra. Fidel Castro e seu grupo criaram uma emissora clandestina que irradiava em Cuba até a tomada do poder em 1959. A ditadura militar no Brasil preocupada com o uso de emissoras de rádio clandestinas por forças de esquerda criou o decreto 236 com seu artigo 70 em 1967complementando a Lei 4.117 de 1962. Porém a esquerda brasileira nunca usou de meio de comunicação eletromagnético clandestino, o decreto acabou servindo para punir os responsáveis pelos projetos de comunicação de baixa potência, ainda hoje. RÁDIOS LIVRES Quando a emissora inglesa pirata foi apreendida e começou a surgir centenas de emissoras dentro do território inglês, esse movimento passou a se chamar de rádios livres, mesmo porque o termo pirata não cabia na identificação daquela atividade. As Rádio Livres passaram para o território francês, depois para o italiano, para o alemão e segui-se numa onda acompanhando o desenvolvimento tecnológico da comunicação pelo mundo. As rádios livres existiam desde a década de sessenta nos EUA e lá foram atendidas pelo estado norte-americana que reserva uma parte do Dial para esse tipo de manifestação. Não existem nem concessões e nem permissões para o funcionamento dessas emissoras, apenas regras técnicas para protegê-las do interesse do grande capital. Quem controla essas emissoras é a própria população que pode solicitar seu fechamento. O QUE É RADIO LIVRE E RÁDIO COMUNITÁRIA NO BRASIL. As rádio livres surgiram antes das rádios comunitárias e as questões que as diferenciam estão ligadas ao desejo de posse, de propriedade, na preocupação com o conteúdo e também na interpretação do Estado de Direito que pode amparar uma e outra. Em Radio Livre a preocupação está voltada para a expressão do conteúdo, com o direito a participar do conteúdo, da identidade, da produção cultural, e no combate ao monopólio sobre o conjunto interligado desses bens. Os interessados que se agregam em torno das comunitárias demonstram preocupação com a posse ou propriedade administrativa e burocrática de um meio de comunicação eletromagnético de baixa potência a exemplo do que se tem legalmente com emissoras acima de 300 watts. Portanto a radio livre ( ou TV Livre) se apoia na Liberdade de Expressão e só pode agir como tal em um regime democrático baseando-se nas Garantias e Direitos Individuais como premia a Constituição de 1988 em seu artigo 5O , inciso 9o e nos pactos que envolvem os países ocidentais como o Pacto de São José da Costa Rica do qual o Brasil é signatário desde 1992. A questão que impulsiona a pratica de rádio livre está umbilicalmente ligada ao conflito com o monopólio da industria cultural fonográfica, cinematográfica, informativa e editorial. Por esse motivo a rádio livre não pode ser compreendida na formação de rede de poder ainda que o conjunto delas, respeitadas suas diferenças, podem se relacionar no que é pragmático e conceptual. Por esse motivo não se coaduna com a representatividade burocrática e, consequentemente, com a manutenção de quadros intermediários quer na política, quer nas organizações burocráticas. A rádio livre rompe com o bloqueio, com a condução e com a exploração do intermediário entre o regional e o nacional e entre esse e o internacional. A dinâmica proporcionada pelo seu exercício amplia constantemente o universo da compreensão e os desejos e necessidades que levam grupos e indivíduos a se expressarem por um meio de comunicação, não podendo, portanto, se enquadrarem em controles e normas conceituais. É por isso que seu ponto de apoio é a liberdade de expressão que não devem ser controladas por organizações representativas, mas necessitando, sobremaneira , do apoio de organizações solidárias sensíveis aos direitos fundamentais do homem . A desobrigatoriedade faz com que as rádios livres surjam e desapareçam conforme o esvaziamento de suas propostas ou o desdobramento de suas ações nos diversos campos da atividade social. A rádios livres podem encontrar amparo em decisões judiciais ampliando o espirito democrático para dentro do judiciário. As rádios livres devem ser julgadas na singularidade de cada projeto sob os olhos da liberdade de expressão, do apoio da coletividade, da atividade regional, da finalidade cultural sem fins lucrativos. As rádios livres são parte do movimento democrático e devem servir para excitar e libertar outras atividade que fazem parte de seu conteúdo e do conjunto da sociedade. Em Radio Comunitária a preocupação e com a conquista da posse e da propriedade do meio que as incluam nas atuais regras e normas das Leis de Comunicações. Por esse motivo os interessados nas rádios comunitárias buscam se organizar em grupos distintos, segundo os seus interesses políticos ou econômicos. É por esse motivo que as rádios comunitárias fazem parte de redes pertencendo ao campo ideológico de organizações religiosas, seitas, partidos políticos e, ainda, de pequenos e médios empresários excluídos da área de influência para obtenção de concessão dos tradicionais meios de comunicação eletromagnéticos. As organizações que congregam esses interessados procuram se representar em projetos que oficializem suas atividades através de parlamentares. Essa relação é pautada na troca voto/aprovação ou influência política. Nesse sentido as rádios comunitárias caminham para a legalização e, como conseqüência, para as mãos dos atuais proprietários dos meios tradicionais da comunicação eletromagnética que percebem a possibilidade de expansão ou manutenção de sua influência política regional. Assim as emissoras de baixa potência, que teve seu inicio na desobediência civil, vai sendo assimilada pelo Status Quo, se organizando de cima para baixo. A legalização através de concessões ou permissões não dependerão mais do interesse ou não do ouvinte ou da comunidade em que ela está inserida, a exemplo do que acontece com as rádios oficiais , dependerão, exclusivamente, do proprietário ou proprietários da concessão ( essa é a noção de posse). Portanto, ainda que não despertem interesse do público, da comunidade, ainda que se tornem apenas aparelho de grupo político partidário ou econômico, podem continuar no ar até que se acabe o contrato oficial com o governo. A busca pela legalização é o reconhecimento da ilegalidade. A rádios livres se pautam na legitimidade e, caso as rádios comunitárias sejam legalizadas, o confronto entre as duas correntes se dará inevitavelmente. Nesse sentido é possível que as irradiações livres passem a ser alvo de denúncias das comunitárias o que leva a crer que essas farão parte do que foi e ainda está sendo combatido pelos cidadãos que ousaram a enfrentar o monopólio dos meios de comunicação. Assim as rádios comunitárias estabelecidas legalmente passarão a fazer parte do contexto das emissoras tradicionais, não contestando o conteúdo e se adaptando a política da comunicação tradicional no Brasil. O legalismo que assolou parte do movimento pela democratização dos meios de comunicação no Brasil ignorou que a democratização do meio não é um fim em si mesmo. Essa posição pode ser notada na medida em que a questão dos equipamentos e da tecnologia que fazia parte do processo de democratização do conhecimento tecnológico e científico volta ao monopólio dos equipamentos homologados cujas montadoras e importadoras, disfarçadas em fábricas, em nada contribuiu para o desenvolvimento tecnológico e assimilação desse conhecimento no Brasil. Foi a partir das Rádios Livres e dos seus equipamentos caseiros ( hoje digitais com tecnologia de ponta) que se instalou milhares de emissoras no país.
Email:: leotomaz@mandic.com.br

(Fonte: CMI Brasil - Centro Independente de Mídia. http://www.midiaindependente.org/pt/blue/)

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

PRA OUVIR E REFLETIR...

ZÉ DO CAROÇO
(Leci Brandão)

No serviço de auto-falante
Do morro do Pau da Bandeira
Quem avisa é o Zé do Caroço
Que amanhã vai fazer alvoroço
Alertando a favela inteira
Como eu queria que fosse em mangueira
Que existisse outro Zé do Caroço
Pra dizer de uma vez pra esse moço
Carnaval não é esse colosso
Nossa escola é raiz, é madeira
Mas é o Morro do Pau da Bandeira
De uma Vila Isabel verdadeira
O Zé do Caroço trabalha
O Zé do Caroço batalha
E que malha o preço da feira
E na hora que a televisão brasileira
Distrái toda gente com a sua novela
É que o Zé põe a boca no mundo
Ele faz um discurso profundo
Ele quer ver o bem da favela
Está nascendo um novo líder
No morro do Pau da Bandeira

P.S: Seu Jorge canta esta música. Mas eu recomendo uma versão da Mariana Aydar (com participação de Pedro Luis) que é excepcional !!!!! (MATEUS DOURADO)

terça-feira, 2 de outubro de 2007

A POLÍTICA APOLÍTICA DO SER

Bem, não sei se sou o mais indicado para escrever um texto dito politizável: o que sou neste mundão ?! Apenas mais um cidadão, destes clássicos que proclamam de peito aberto que destesta política ?! Quem sou para criar um misto de coragem e vaidades e querer escrever algo com tamanho teor ?!

Talvez seja por ser um cidadão, mais um da “polis” chamada urbana, por pertencer a grupos sociais, por ter documentos, impostos por pagar, uma família que me representa e ao qual represento, por ser de várias gerações do futuro - destas de impulsionar um país -, por ser gente, animal político, mais um na multidão, um de coletivos, parte de Deus... Por ter amigos, parentes, colegas, alunos, patrões, empregados, por tá num planeta cheio de racionalidades e justiças, leis e instituições, por criar anarquismos, socialismos, capitalismos e “ismos” que em nada possam me interessar de imediato. Por ser de guerra e de paz, da embriaguez e do sério, de Cristo, ateísmos ou Shiva, de qualquer Zé Pequeno, de todos os semelhantes, do mendigo que não noto na rua - ou até noto e escondo-me na cega visão da realidade-fome-antiética -, na minha total falta de humanismo ou no amor ao próximo que nunca demonstro, mas sinto... Talvez por não ter estudado tanto, não ter lido quase nada, por ter trepado sem camisinha de vez em quando ou por nunca ter aplaudido um cordelista, por tudo enfim, a política apolítica do ser exposta em carne, urubu e senso nosso.
Prazer, sou apenas um. Mais um, menos um, um zero a esquerda, um zero que aumenta os dados estatísticos populacionais... Tem horas que sou número em código, noutras sou o filho do meu pai, em alguns momentos sou gatinho, sou eclipse, um metáfora, um poema pelo qual algum poeta vagabundo homenageou-me sem motivos aparentes. Contudo moro num lugar, numa cidade perdida no Google Earth e que algum menino espinhudo vigia da tela de seu computador, num ponto do mapa ou na placa de alguma estrada. Voto, exijo, jogo papel nas ruas e muitas vezes me dá uma puta vontade de xingar policial na cara. Pinto a cara e deponho presidente, escondo meu rosto quando senador é absolvido, choro quando a seleção perde na Copa, digo em claro e bom tom que não existe político decente... Gosto de Jorge Ben e uso All Star. Tô nem aí pra Amazônia, pra reuniões do G-8 ou pro fim do gerúndio na gramática oficial. Até me dá uma safada emoção nos primeiros acordes do hino nacional, mas e o índio ?! O sistema de cotas, a transposição do São Francisco, a violência das grandes metrópoles, crises do avião e tudo aquilo que o almofadinha do William Bonner diz na TV enquanto meu pai cochila e eu fico vendo orkut trancado no quarto ?! Que papel tenho eu, você, a menina que queixei e que nunca quis me dizer sim, o adolescente de hoje, os velhinhos de amanhã ?! Definitivamente não sou o cara pra escrever esta resenha com título chocante e, talvez, indecifrável para mim mesmo...
Encarem isto como um simples manifesto, um grito, um conclamar ou uma mera maneira de chamar atenção das garotas... Acima de tudo, aqui é um escrito de um cidadão que se indigna, de um homem que não presta atenção, que só lê a parte cultural das revistas semanais, destes que dão mais de uma dezena de real para entrar em festas que nada o preencham e nunca pisaram o pé numa obra assistencialista ou nestas ONGs que ainda ativam algo prático na solidariedade humana. Nunca li O Capital, nem qualquer outro autor que possa ser solucionática para um mundo melhor... Porem leio nas entrelinhas da convivência e, como todos, também desejo um lugar mais digno e cheio de alegrias, trabalho para todos, menos tráfico de qualquer coisa e CD’s mais baratos... Evidente que quero mais ética nos gabinetes de governar, menos merda de cachorro nas ruas, mais policiamento nas esquinas, carnaval todo mês e melhores escolas e faculdades públicas. Utopizo um Brasil mais rico e com menos desigualdades sociais, um salário condigno com suores e calos depositados, uma potência com cara de simplicidade, cheio de danças e culturas, orgulhos e talentos, de crianças sorridentes e cidadãos de cabeça erguida para frente e para um chegar...
Façam o que quiser com este artigo, esta intromissão, um ditame de blog, um emaranhado de palavras vãs, um amalgama de idéias desconexas... Deixo com vocês o destino disto que não ganhará menções em protestos universitários ou semiótica em camisas juvenis. Mas, lhe peço um favor, um favorzinho só: se forem jogar o trabalho deste precário escriba fora, joguem numa cesta de lixo reciclável. Salvem o mundo que é de vocês !!!
Ufa ! Desabafei...

(MATEUS DOURADO)